sexta-feira, 22 de abril de 2011

Enquanto eu te esperava



Enquanto eu te esperava,
Contei um milhão de estrelas que já estavam mortas,
Conversei sozinha, com os outros, com o além
Bati um bolo, bati o carro, bati a porta
Não vi ninguém...

Tudo que eu mais amava,
Enquanto eu te esperava foi-se embora

Enquanto eu te esperava,
Sentada no carro, vi passar
Uma cidade, um país
Um universo de pessoas
Que não eram você

Você não chegava
E mesmo assim eu te esperava

Enquanto você não vinha
Senti o vazio de estar cheio
E saber que só a tua presença
Poderia me acalmar
Me curar,
Me preencher...

Mas no fim de tudo,
Foi melhor te esquecer.

Enquanto eu te esperava,
A minha vida passou num instante
Que já não posso procurar
Que já não posso trocar
Por outra vida errante...

Você não veio,
Você não trouxe.

Deixou com você meu sonho,
E por menor que ele fosse
Agora  não existe mais.

Enquanto eu te esperava,
Decidi não te esperar mais
E decidi não esperar por mais ninguém
Que promete que virá
E no fim, nunca vem...


By: Camilinha!! :)

sábado, 16 de abril de 2011

Esse louco amor



Muito além da verdade dos meus sonhos
Um encanto novo nasceu dentro de mim
Sem que eu pudesse lutar contra,
Apenas me fiz refém

Prisioneira de um sentimento sem volta
Loucamente perdida na ilusão dos teus braços
Do teu tão doce abraço que era meu mundo
E sem mais nada que pertencesse a mim

Já não sei o que há
E o que sobrou então?

Escrever já não posso mais
Já não tem como pedir perdão
Minhas palavras já não bastam
De tão gastas que estão.

Como dizer-te
Que estamos morrendo aos poucos?
Como ter de volta
Todos os sonhos que sonhamos em vão?

Não consigo mais te falar sobre minhas alegrias
Se em meu peito, apenas, a dor…
Se minhas mãos não podem abraçar-te
O que farei?
Como te dizer então?

Diga, eu te peço
Porque tuas palavras me guiam
E sem elas vivo sem razão
Como o sol que não pode viver
Sem a escuridão.

Espero
Pra te dizer que acabou
Que acabou comigo.
Este sentimento ingrato
Não posso dizer se morreu
Ou se por enquanto acabou
Mas quem morreu fui eu
Desse louco amor...


By: Camilinha :)

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Don't




Ontem dormi pensando em você
Quis telefonar para ouvir sua voz
Hoje não pude controlar a vontade de te ver
Mas percebi que seria melhor a distancia entre nós


Escrevi versos que jamais irá ler
Mesmo sabendo quão doloroso seria
São sentimentos que é melhor esquecer


Senti saudade do teu olhar
Senti falta do teu cheiro
Senti que ia me apaixonar
Mas não quis me afastar  primeiro

Agora sei que chegou a hora
Eu descobri o teu segredo
E você vai ir embora
Porque sei que tem medo

Mas porque tão depressa?
Espera mais um pouco
Acaso quer que eu te peça?
Que grite como um louco?


Então leva contigo meu melhor sorriso
Leva meus olhos
Meu gostar mais preciso

Deixa comigo a tua imagem carente
 O teu jeito de falar
Para que sejas minha estrela cadente
Minha noite de luar

Mas se fugir e descobrir
Que comigo é o seu lugar
Esquece de partir
E vem correndo me encontrar.


By: Camilinha!! :)
Em: 06/07/2008

terça-feira, 12 de abril de 2011

Não tem preço...



Não estar perto de você,
Machuca.
Não falar com você,
Assusta.
Não querer o seu mal,
Alivia.

Ligar pra você,
É assumir a idiotice!
Escutar a sua voz,
Faz bem.
Lembrar das mentiras,
Destrói.
Não sentir sua atitude,
Revolta profundamente.

Perceber o quanto fui e sou tola,
Desanima.
Saber que não consigo me afastar,
Incomoda.
Saber que você quer se afastar,
Faz pensar...

Descobrir que já não é a mesma coisa,
Dá saudade.
Descobrir que você não era quem eu pensei que fosse,
Desilude...

Desligar o telefone e não querer ligar nunca mais,
Dá força.
Amanhecer e dormir, sem lembrar de tudo que passou,
Parece loucura!

Não precisar mais suportar mentiras,
Parece um sonho.
Não pensar mais em você,
Seria o ideal.

Querer não pensar mais em você,
Já é um passo.

Perceber que não é tão difícil assim
Não tem preço...

By: Camilinha!! :)

Indicação de Leitura: Salmo 101, 2-4


— Ouvi, Senhor, e escutai minha oração, e chegue até vós o meu clamor! De mim não oculteis a vossa face no dia em que estou angustiado! Inclinai o vosso ouvido para mim, ao invocar-vos atendei-me sem demora!

— As nações respeitarão o vosso nome, e os reis de toda a terra, a vossa glória; quando o Senhor reconstruir Jerusalém e aparecer com gloriosa majestade, ele ouvirá a oração dos oprimidos e não desprezará a sua prece.

— Para as futuras gerações se escreva isto, e um povo novo a ser criado louve a Deus. Ele inclinou-se de seu templo nas alturas, e o Senhor olhou a terra do alto céu, para os gemidos dos cativos escutar e da morte libertar os condenados.

domingo, 10 de abril de 2011


                         Querer bem mais que querer



Tive vontade de dizer tudo o que disse,
E falei...
Acho que me arrependo do que disse,
Mas falei...
Tenho vontade de não chorar o quanto choro,
Mas não dá.
Tenho vontade de voltar no tempo,
Mas não consigo.
Tenho vontade de ligar,
Mas não posso.

Tenho vontade de esquecer,
Mas é impossível.
Tenho vontade de amar de novo,
Mas ainda tenho amor.

Tenho vontade:
das horas,
das risadas,
dos passeios.
dos delírios!
das conversas...
dos abraços.
do olhar impar...
da amizade que nunca me abandonou.
Tenho vontade de tudo,
Mas não dá pra fazer nada agora!

Tenho vontade de vê-lo
Mas ele não passa...

Tenho vontade que este dia acabe logo,
Mas ele não passa...



By: Camilinha!! :)

UM (breve conto)


06:00 da manhã.
O despertador anunciava que mais um dia havia raiado lá fora, mas o sono queria impedi-lo de levantar-se. Era comum aquela cena, e não era preocupante, porque o fim era sempre o mesmo: ele esperaria mais alguns minutos até que estivesse suficientemente atrasado para levantar apressado, tomar um banho de qualquer jeito, sair calçando os sapatos, e só quando chegasse no trabalho perceber que havia esquecido algo importante, que era imprescindível e que deveria estar na mesa do chefe naquele dia... no primeiro horário.
Mas neste dia, ele não demorara muito para levantar-se, parece que sentia já estar atrasado para alguma coisa, mesmo dentro do horário...
Tomou seu banho e de tanto que demorou, precisou sair as pressas de casa. Tudo voltou ao normal! Como de costume esquecera o relatório de vendas que seu chefe havia pedido há aproximadamente um mês.
Não tinha carro, nem bens materiais que lhe amparariam se continuasse a desafiar a paciência de seu chefe. Morava mal: apartamento pequeno, sujo, desorganizado. Cheirava a nada e ao mesmo tempo a tudo, mas não tinha cheiro ruim, tinha cheiro de gente.
O salário que recebia era tão vergonhoso que mal conseguia pagar suas contas, comprar itens de necessidade crítica e ainda passear com a namorada nos finais de semana. Muitos se perguntavam como aquele moço raquítico, de cabelos ralos, olhos e pele de cores tão comuns, que ninguém os notava, como aquele rapaz poderia ter uma namorada tão bela como era aquela moça?...
Ele pouco conversava com os vizinhos, porque eram todos mexeriqueiros e viviam da desgraça alheia. Como isso nunca o agradara, preferia viver fechado em sua casa, e partilhar a vida apenas com os amigos mais próximos, e a belíssima namorada, que ninguém entendia, por quê raios era namorada dele!
A caminho do ponto de ônibus, o rapaz  relembrava como se conheceram. Era uma noite um tanto sombria, porque chovia muito e o céu estava completamente escuro (alguns dizem que talvez por não ter visto bem seu rosto, ela tenha se apaixonado depressa por ele, e quando o pôde ver na claridade do dia, já era tarde: estava louca de amor pelo pobre coitado!!). A jovem dirigia seu carro quando a chuva jogou para o meio da avenida um ser desorientado, todo molhado e com frio. Ela parou rapidamente, antes que o atropelasse e foi ao encontro dele. O primeiro olhar foi suficiente para que eles entendessem que deveriam ficar juntos, que a vida, a natureza, Deus, tudo e qualquer coisa havia os colocado ali naquele momento para descobrirem o amor. Depois deste olhar, nunca mais se largaram um dia que fosse. Já estavam juntos há dois anos, e tinham planos de casar.     
Ela com 23 anos, ele com 24. Ambos gostavam de ler a poesia de Dos Anjos, os contos do Rubião, as músicas góticas e os filmes de drama, terror e suspense. Era curioso porque eram alegres e gostavam de contar piadas. Eram inteligentes, mas assistiam a novela da Rede Globo religiosamente todos os dias. Liam jornais juntos,  mas também as revistas de fofoca, horóscopo e o resumo da semana da novela das 8. Conversavam sobre política, astrologia, gastronomia, física, química, mas é claro, sobre a bendita novela das 8... Maldito ritual que consome, aprisiona e condiciona os seres humanos!
Pois bem, ele continuava a caminhar até o ponto de ônibus. Lembrar da namorada fazia-o sentir-se bem. A última vez que a vira foi no fim de semana, já era quarta-feira. Ele estava com saudades dela. Naquele fim de semana passaram horas e horas, trancados no quarto, mas ele precisava de novas lembranças, porque o stress da semana já o havia corrompido.
O ônibus estava atrasado, porque chovera muito à noite, e algumas ruas estavam alagadas. Os faróis quebrados piscavam ininterruptamente a luz vermelha. Parecia natal, mas ainda era Setembro...e toda aquela agitação parecia não incomodar o pequeno rapaz de olhos semicerrados.
Finalmente apareceu algum ônibus. Entrou, sentou e observou a pessoa ao lado com um celular conectado à Globo. No jornal matinal anunciavam alguns acidentes de carros, assaltos, alagamentos e tiroteios. Nada que o surpreendesse muito. Sentiu vontade de falar com namorada. Ligou para ela. Do outro lado da linha:
- Oi amor!
- Bom dia amor!
- Onde você está? – perguntou a moça.
- Perto da tua casa. Você demora a sair?
-           - Não saio já. Quer me esperar no ponto?
Ele demorou uns 10 segundos para responder àquela pergunta pensando no tempo que ainda teria que ficar esperando por um outro ônibus. Mas já estava atrasado, que diferença faria? E queria tanto ver aquela formosura de mulher.
- Claro! Estou te esperando.
Desceu do ônibus e esperou por ela mais uns 15 minutos: mulheres muito bonitas não precisam de mais que 15 minutos para ficarem lindas! As feias é que gastam uma eternidade tentando esconder as tantas imperfeições...
Pegaram um novo ônibus.
A chuva tinha cessado e um sol tímido brilhava escondido por algumas nuvens espalhadas pelo céu. Era só mais uma das chuvas de primavera, que caem para mostrar sua graça, mas logo dão espaço novamente ao padrinho do dia.
Sentados, comentavam como estavam com saudade um do outro, como se amavam e todas aquelas juras eternas que namorados fazem, e que tanto machucam quando um sonho acaba, e percebe-se que nada que se dizia eterno, de fato, dura para sempre.  Porque nada dura para sempre.
Mas eles se amavam naquele momento, com os olhares fixos um no outro,  como se fosse o primeiro e o último olhar. Falavam dos dias que passaram entre domingo e aquela manhã de quarta-feira, contavam novidades, alegrias e frustrações.
O trânsito ainda estava parado. Já era quase 9 horas! Ele chegaria atrasado mais uma vez. O que importa?
Uma mulher grávida entrou no ônibus, e este fato, fez com que se iniciasse um dialogo sobre o casamento.
Planejavam se casar no próximo ano, e no outro ter o primeiro filho. Gostariam de uma festa grande para todos os amigos. Mas só os amigos, nada de vizinhos mexeriqueiros! O vestido seria desenhado pela mãe da moça, e o terno alugado numa dessas lojas de Trajes à Rigor. A cerimônia seria celebrada por um padre que fizera a 1º Eucaristia da moça, já que ele não tinha lá uma religião a qual seguisse à risca. Nem ela seguia nada a risca! Mas era tão lindo casar na igreja! Nas novelas, as mocinhas sempre se casavam com os mocinhos em uma linda cerimônia religiosa e uma grande festa luxuosa...
 Ambos ganhavam pouco, mas estavam dispostos a assumir a dívida para em troca realizarem o sonho da “Novela das 8”.
- Onde vai ser a festa? – perguntou entusiasmada.
- Pode ser naquele salão de esquina com a Igreja, o que você acha?
- Muito pequeno. Pode ser naquele na Av Principal.
- Por mim, tudo bem.

Escutaram um barulho. Um assalto no banco do outro lado da rua.
Foi o ultimo barulho que ele escutara.
...Sonhos destruídos, vida interrompida.

Não chegaria atrasado no trabalho, nem teria medo de ser demitido.
Também não haveria mais casamento, nem fins de semana trancafiado no quarto com a namorada linda que tanto amava.

Nunca mais beleza, nunca mais amor...



No dia seguinte, o jornal da Rede Globo, pela manhã anunciava:
- Assalto a banco na manhã anterior, gera tiroteio entre assaltantes e policiais. Quatro pessoas ficaram feridas. Três estão em estado de emergência, e um não resistiu aos ferimentos.


Um...ELE virou UM. Mais um no noticiário, que amanhã será esquecido.
Talvez Rubem Fonseca escreveria algo sobre ele, mas o rapaz não lia os contos do Fonseca.

Fiquei sensibilizada...



 By: Camilinha!! :) (Eu ou UMA?)

Só uma merdinha




Caro leitor
Se tiver pudor
Não leia estas linhas
São apenas merdinhas

Escritas de um Brasil
De um céu de estrelas mil
De música e canção
Mas sem coração

Na verdade eu vos digo
Que nessa terra de mendigo
Quem tem casa de latão
É chamado de patrão

O filho com fome
De repente some
Dos braços da mãe sem dente
Que não sorri porque entende

Entende que  dinheiro é alimento
E que honestidade é sofrimento
Sofre o pobre sem dinheiro
Morre gente o ano inteiro

Gente rica, gente vadia
Que da vida pouca coisa sabia
Gente grande, gente valente
Gente bonita, gente decente

Que incentiva o julgado
A ser condenado
Mas que vê o errado
E fica calado

Por que a cadeia está cheia
De gente feia
E a carteira está vazia
De alegria



E o ladrão
Esse sim tem razão
Usa terno, usa gravata
Esconde e Mata
Maravilha de país
Lugar de gente feliz
Infeliz do que desmentir
Deixa eu ao menos me iludir!

E se o leitor com pudor
Teimoso for
E ler as linhas minhas

Não se preocupe, elas são apenas merdinhas...



By: Camilinha!! :)